História

Como Sócrates realmente morreu?

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A morte de Sócrates é uma das histórias mais conhecidas da filosofia antiga. Segundo relatos de Platão e Xenofonte, dois dos discípulos de Sócrates, ele foi condenado à morte em Atenas por corromper a juventude e por impiedade, entre outras acusações. A forma de execução foi a ingestão de uma taça de cicuta, um veneno.

A cicuta é uma planta venenosa que causa paralisia respiratória e, eventualmente, a morte. Sócrates, ao beber a cicuta, seguiu as instruções do tribunal ateniense como parte da sua punição. Ele aceitou a sentença sem resistência, preferindo obedecer à lei da cidade a fugir ou buscar clemência. Sua morte por envenenamento com cicuta tornou-se um símbolo de sua coragem, compromisso com seus princípios e respeito pela lei, mesmo que ele não concordasse com a decisão do tribunal.

A história de Sócrates

Sócrates foi um filósofo grego nascido em Atenas por volta de 470 a.C. Ele é considerado um dos fundadores da filosofia ocidental e teve uma enorme influência no pensamento subsequente, apesar de não ter deixado nenhum trabalho escrito. A maior parte do que sabemos sobre ele vem de relatos de seus alunos, principalmente Platão e Xenofonte.

Sócrates era conhecido por sua abordagem única à filosofia, caracterizada por seu método de questionamento, conhecido como “maiêutica”. Em vez de transmitir conhecimento diretamente aos seus alunos, Sócrates os conduzia a uma compreensão mais profunda por meio de uma série de perguntas e respostas, levando-os a examinar suas próprias crenças e conceitos. Ele acreditava que o autoconhecimento era a chave para a sabedoria e que a verdadeira virtude vinha do entendimento.

Apesar de sua abordagem aparentemente inofensiva, Sócrates atraiu a atenção e, eventualmente, a hostilidade das autoridades atenienses. Ele era frequentemente visto questionando as crenças tradicionais e os valores da sociedade, o que o tornava impopular entre muitos de seus contemporâneos.

Sócrates foi eventualmente levado a julgamento em 399 a.C., acusado de corromper a juventude e de impiedade, por não acreditar nos deuses da cidade e por introduzir novas divindades. Apesar de sua habilidade retórica durante o julgamento, Sócrates foi condenado à morte por uma maioria estreita de votos. Em vez de fugir ou buscar clemência, ele aceitou a sentença, acreditando que obedecer à lei era mais importante do que sua própria vida.

Ele passou seus últimos momentos conversando com seus seguidores e amigos, entre eles Platão, antes de beber a cicuta, um veneno mortal, conforme ordenado pelo tribunal. Sua morte marcou o fim de uma vida dedicada à busca da verdade e à promoção da virtude, e ele se tornou um símbolo duradouro de coragem, integridade e compromisso com os princípios.

As controvérsias e crimes de Sócrates

As controvérsias em torno de Sócrates giram principalmente em torno das acusações que levaram à sua condenação e execução. As principais acusações contra Sócrates incluíam corromper a juventude e impiedade.

1. **Corromper a juventude**: Sócrates era conhecido por sua prática de questionamento incessante e desafiador das crenças tradicionais e dos valores da sociedade ateniense. Isso, por sua vez, levantou preocupações entre as autoridades sobre o impacto que suas ideias poderiam ter sobre os jovens, levando à acusação de corromper a juventude.

2. **Impiedade**: Sócrates também foi acusado de impiedade por não acreditar nos deuses da cidade e por introduzir novas divindades. Embora tenha professado crença em um tipo de divindade pessoal, sua atitude cética em relação às divindades tradicionais de Atenas, combinada com suas atividades filosóficas, contribuiu para essa acusação.

Porém, é importante notar que algumas dessas acusações podem ter sido politicamente motivadas. Sócrates tinha conexões com pessoas poderosas em Atenas, mas também tinha inimigos entre os líderes políticos e intelectuais da época. Além disso, sua insistência em questionar as crenças convencionais e em expor a ignorância das pessoas poderia tê-lo tornado impopular entre certos segmentos da sociedade.

Em relação a crimes, não há evidências substanciais de que Sócrates tenha cometido crimes no sentido convencional. Sua vida e ensinamentos são mais conhecidos por sua busca pela verdade, virtude e autoconhecimento. A acusação e condenação de Sócrates foram mais sobre suas ideias e métodos filosóficos do que sobre atividades criminosas no sentido comum do termo.

Suicídio forçado

A morte de Sócrates é frequentemente vista como um exemplo de “suicídio forçado”, onde alguém é coagido a tirar sua própria vida por meio de pressão social, política ou judicial. No caso de Sócrates, ele foi condenado à morte por um tribunal ateniense após ser considerado culpado das acusações de corromper a juventude e impiedade. Apesar de ter a oportunidade de se exilar ou propor uma pena alternativa, Sócrates recusou-se a fazê-lo, optando por aceitar a sentença de morte.

Embora Sócrates tenha voluntariamente bebido o veneno de cicuta, sua decisão foi influenciada pela pressão social e pelas normas legais da época. Ele poderia ter fugido de Atenas ou tentado persuadir o tribunal a alterar a sentença, mas optou por respeitar as leis da cidade, mesmo que discordasse delas. Portanto, enquanto Sócrates tomou a decisão final de beber o veneno, o contexto da sua condenação e execução levanta questões sobre até que ponto foi uma escolha verdadeiramente livre.